Chega ao final a trilogia que adapta Samurai X para o cinema. Depois de um primeiro filme decente e um segundo que para na metade, o terceiro deveria finalizar com chave de ouro. Infelizmente, o gosto final é amargo e insatisfatório.
Kenshin é encontrado pelo antigo mestre na praia depois de quase morrer afogado quanto tentou salvar Kaoru em alto mar. Pede para aprender a técnica suprema do estilo de esgrima para que tenha uma chance de confrontar Makoto Shishio e salvar o novo governo.
Se o segundo filme era acelerado para contar várias histórias paralelas, este se foca apenas nas conclusões. Kenshin encontra uma espécie de lição relacionada aos anos como andarilho e à tentativa de proteger as pessoas sem voltar a ser assassino. Shishio terá um conflito final. E Aoshi Shinomori finalmente consegue o duelo contra o battousai (título dos samurais retalhadores de guerra).
Briga com Aoshi. Trama desnecessária.
E é isso. Não tem desenvolvimento, apenas o caminhar para os finais. No caso, por duas horas e vinte. Kenshin fica mais ou menos 40 minutos para aprender com o mestre que a chave para vencer não é querer proteger os outros, mas dar valor à própria vida. Daí ele e Aoshi se enfrentam para revelar que toda essa trama era só para ser fiel ao original. E segue a luta final.
Tudo bem feito, bem dirigidinho e tal. Mas a loucura alcança o ápice neste capítulo. Se Shishio era um pouco exagerado como um cara que foi perfurado várias vezes antes de ter o corpo quase inteiramente queimado, agora os realizadores tentam atingir as nuvens. Como o vilão não é capaz de transpirar pela pele cicatrizada, o corpo se esquenta quando ele entra em atividade. Ele, então, desenvolve a habilidade de transferir o calor para a espada, que pega fogo.
É nesse nível de insanidade que o filme chega ao clímax, em uma luta absurda, longa e chata. Nos outros filmes elas eram rápidas e claras, mas neste clímax vira anime total. Os personagens param em meio a golpes para dialogar e filosofar sobre os estilos de esgrima e razões para a vida e o combate.
Clímax bizarro. Diálogos fora de lugar e espadas que acendem em chamas.
Incomoda muito a presença do Yahiko, que está lá apenas para ser referência ao material original. O ator que faz o Sanosuke é terrível. O que faz o Kenshin é inexpressivo. Os vilões são ainda piores. Estereótipos de estilos japoneses, gritam e fazem caretas no lugar de interpretar.
No final das contas, a trilogia Samurai X ficou no mesmo patamar de outras adaptações de mangas e animes para o cinema. Trabalhos que, por precisarem ser fieis, se permitem cair no ridículo. Mídias diferentes requerem trabalhos narrativos e visuais diferentes. O que começou bem no primeiro filme desenvolveu até chegar neste chatíssimo terceiro. Uma pena.
GERÔNIMOOOOOOOOO…