Jogo da Morte

Entrei na sessão de Jogo da Morte na mostra Mondo Tarantino sem saber nada sobre o filme. Absolutamente nada. Eis que começa a projeção e os letreiros gigantes revelam BRUCE LEE gigantesco na tela. Animei. Créditos iniciais divertidíssimos com nomes como Chuck Norris e Kareem Abdul-Jabbar me colocaram no clima. “Vou me divertir pelos próximos 100 minutos”, pensei. Então o filme começou.

Jogo da Morte começou a ser filmado em 1972. No meio da produção Bruce abandonou o projeto para se focar em Operação Dragão. Terminado o clássico, o mestre voltou às filmagens de Jogo da Morte, quando morreu por conta de um AVC. Para finalizar o filme, o estúdio chamou um dublê, mudou todo o roteiro e usou as cenas já filmadas costuradas com cenas de outros filmes do ator.

O que era a princípio a história de um mestre de artes marciais tentando salvar seus irmãos virou uma homenagem maluca que mais parece um caça-níquel bizarro que um filme de verdade.

Eu diria que uns 10 a 15 porcento do filme são com o Bruce Lee. O resto é o péssimo dublê que mais parece uma dublagem de anime mal feita que uma interpretação de verdade. Já viram o Kenshin do Samurai X numa dublagem terrível, é aquele o nível da interpretação do dublê.

O diretor soca o dublê no escuro e em cenas de plano aberto. A intenção é não ver o maluco e tentar enganar o espectador de que aquele cara é o Bruce Lee de verdade. Dói de ver.

Vale mesmo pelos quinze minutos finais, que são justamente as partes que o Bruce Lee filmou. As lutas são legais, é arte marcial de verdade e contém o macacão clássico que foi homenageado em Kill Bill. Além do que, tem também a fantástica luta entre Lee e o jogador de basquete, considerada por alguns como uma das melhores cenas de luta da história.

Mas o mal gosto prevalece. Chegando ao ponto de usar gravações do enterro do Bruce Lee na trama. Senti-me enganado.

Espero pelas sessões de Operação Dragão, que também consta na lista da mostra.

Quem quiser assistir Jogo da Morte, pega a versão dublada no youtube que ganha mais. Ainda aconselho pular para 1:21:30 de filme, que é onde tem alguma coisa que presta.